Crónica do Jogo (por Carlitos "O Mágico")

Caros leitores, é com um orgulho tremendo que vos faço chegar a mais recente edição do nosso, consagradíssimo jornal "Bate-Bola", a chamada bíblia dos encontros do pessoal que não tem mais nada que fazer, a não ser fazer rir os outros com a sua estupidez e falta de jeito para o que quer que seja.
Esta tão aguardada edição, depois de um interregno de mais de 2 anos e meio devido a forças ocultas sulistas nazis, é um verdadeiro hino ao jornalismo independente - hoje totalmente dedicada ao grande evento futeboleiro de sexta-feira passada, onde transcrevemos os mais sórdidos e hilariantes pormenores de mais um espectáculo digno das melhores comédias dos Monty Pyton (ou lá como se escreve).....desejando uma boa leitura e resumindo, temos todo o gosto em apresentar............:
“Sexta-Feira 13, Não!!! Não é azar….é mesmo azelhice” São 19.45h, em frente à entrada do edifício administrativo da Cinca (que fino) estão concentrados, em estágio, a grande parte dos craques que daqui a pouco irão fazer as delicias dos milhares de adeptos, centenas, dezenas…….prontos eram 2 almas perdidas, num jogo que se previa, e veio a confirmar-se disputadíssimo (putadissimo….) e de elevadíssimo valor técnico táctico.
Uns minutos antes, tinham chegado noticias gravíssimas que poderiam ter arruinado o apronto…….já não bastava a desistência do Ruben, a não comparência do Filipe e do Vasco…..agora era o grande, majestoso, imperial, o melhor entre os melhores, o grande chefe Vítor que ligava a dizer que não seria possível chegar a tempo do jogo. Para ser sincero, esta noticia agradou a todos, era menos um manco e gordo, e por consequência o nível seria mais elevado com certeza…..a única preocupação era com o jantar de confraternização….é que o organizador era o chefe Vítor….tínhamos inclusivamente esperança de que ele pagaria o dito jantar……mas o jantar estava salvo….ficamos descansados por saber que o Vítor iria ser transportado pelo Sr. António, veloz taxista que faz habitualmente o serviço para a Cinca…..metemos uma cunha ao Zé Manel, filho do dito taxista, que pediu ao pai para demorar muiiiiiiito, para que o Victor não pudesse jogar….e assim foi.
Depois de uma viagem breve até ao fim do mundo, isto é, César, chegamos ao estádio Multisport onde se iria realizar o espectáculo….. As condições eram fantásticas, tempo seco, ca.20 ºC de temperatura, a relva cortada de fresco, o cheiro aromático a pneu, típico dos relvados sintéticos dava um toque de classe a este épico encontro (e disfarçava bem os gases libertados pelos jogadeiros durante certos exercícios de aquecimento, principalmente os alongamentos, exercícios típicos em que as nádegas se afastam de forma ligeira, abrindo um espaço mínimo mas suficiente entre as "nalgas" para que a pressão de cima para baixo exercida pelas flácidas barrigas faça com que os gases se libertem, qual Mozart qual quê, num concerto frenético e libertador).
Deixemo-nos de merdas e vamos ao jogo……

Equipa Amarela ou “Os Astros”
- Pedro Tavares
- Sousa Pinto
- António Barbosa
- Fernando Marques
- Zé Manel

Equipa Multicor ou “Os Mastros” (meninas….não sejam maliciosas)
- Ricardo Pires
- Carlos Cardoso
- Fernando Bastos
- Daniel Trunfas
- Ricardo Tavares

De referir, que os Astros eram claramente favoritos, porque além da idade ser um posto, consta que da última vez que defrontaram uma equipa da exportação tinham ganho por 19-3……a nossa sorte é que esse jogo não foi oficial e o resultado não foi reconhecido oficialmente por terem ultrapassado os 15 golos de diferença.
Vamos aos pormenores….
A primeira parte do jogo foi surpreendente, com a equipa dos Mastros a fazer uma exibição portentosa, humilhando completamente a equipa adversária. Não estranhou que o 1º golo surgisse muito cedo, após uma excelente jogada ao primeiro toque, tendo a bola percorrido todos os jogadores a equipa dos Mastros, inaugurou o marcador através do “Já não me lembro”. A domínio total continuou, mas foi a equipa dos Astros que chegou ao empate, totalmente contra a corrente do jogo….primeiro remate e estava feito o 1-1….é o que faz ter jogadores como o Sousa Pinto e o António Barbosa na equipa…..basta uma descontracção e pimba, estes ratos da bola fazem o resto. E foi a partir daqui que o jogo começou a tomar um rumo que ninguém esperaria…..logo na reposição de bola, o António Barbosa lembrou-se de abrir o livro, arrancando para uma exibição monumental não dando qualquer hipótese à sua própria equipa….num ápice fez duas assistências de outro mundo, ao melhor estilo do Ronaldinho Gaúcho isolou os adversários e estava feito o 1-3 para os Mastros que não mais pararam de oferecer um espectáculo fenomenal de futebol rápido, técnico e directo chegando facilmente aos 1-8, resultado lisonjeiro para os Astros com o qual terminou a primeira parte.

O que aconteceu durante o intervalo foi um espectáculo degradante para a raça humana. Nunca na história do futebol se viu tamanha vergonha. Completamente humilhados e espezinhados, os jogadores dos Astros choravam como Madalenas, insultando-se uns aos outros com os piores palavrões que me recuso referir aqui neste espaço literário. Imaginem só que o Fernando Marques chegou ao cúmulo insultando o capitão Sousa Pinto de “Seu Careca”…..tssss…..degradante…….o Pedro Tavares chamou o António Barbosa de “Velho e acabado” e o Zé Manel atingiu o máximo do insulto a chamar de “Seus Benfiquistas” às 2 responsáveis pelo marcador electrónico, colocado na bancada (que por acaso até eram as únicas adeptas presentes).
Foi aqui que o sentimento nobre e pacífico da equipa dos Mastros veio mais uma vez ao de cima – para evitar mais problemas, para eles ficarem contentes e para que não desistissem e por fim para termos “clientes” num próximo jogo combinamos uma estratégia, que passo a explicar:
- propusemos a troca do nosso jogador mais velho e pesado (eu) pelo melhor jogador deles, o nr.10, estratega e resolvedor de jogos António Barbosa. A ideia era deixá-los ganhar na 2ª parte. A estratégia era arriscada pois a troca de jogadores prejudicava e muito a equipa dos Astros. Mas surpresa das surpresas, eles aceitaram……e lá começou a 2ª parte.

Tal como combinado, e empurrados pela grande exibição do António Barbosa, que se recusava a baixar o nível, os Astros começaram a recuperar.

O resto é história……a mais valia técnica dos Astros, aliados à estratégia de os deixar ganhar pelos Mastros, foi suficiente para que o jogo acabasse com um concludente 10-9 para os Astros. Um resultado injusto para os Mastros mas que se acaba por aceitar porque se assim não fosse não haveria mais jogos.

Uma palavra de especial de apreço pelas 2 adeptas e responsáveis pelo marcador electrónico – não é qualquer um que aguenta um jogo destes até ao fim.

Por fim uma pequena avaliação a cada um dos participantes, com pontos de 1 a 3, sendo 1 péssimo, 2 muito mau e 3 mau:

Astros
- Pedro Tavares (10 pontos) – o habitual, na baliza não apanhou uma, na frente não se mexeu….valeu pelos 2 golos que marcou na segunda parte, um de penalti e outro onde a bola bateu nele e entrou.
- Sousa Pinta (10 pontos) – este craque não sabe jogar mal, não é por acaso que lhe chamam “Zidane”…. Se percebesse alguma coisa da bola acho que seria perfeito.
- Zé Manel (10 pontos) – o único estrangeiro do encontro. Não sei se foi por homenagem ao pai, mas jogou e correu tanto como o pai anda rápido de táxi.
- Fernando Marques (10 pontos) – muito aquém do habitual…..agressividade zero, insultos nada, nem uma pancadinha num joelho adversário, uma calcadela no pescoço, nada de nada….uma desilusão.

Mastros
- Ricardo Pires (10 pontos) – fez com a equipa dele ganhasse todo o tipo de estatística….equipa mais alta, equipa mais pesada, equipa com o nr. calçado maior, etc. No que diz respeito ao futebol em si, na frente um bocado para o limitado (ao nível da equipa) mas na baliza um verdadeiro herói, defendendo tudo e mais alguma coisa. Fica na retina uma defesa, em que mesmo de joelhos conseguiu ocupar três quartos da baliza e defendeu a bola ao canto superior esquerdo. O nosso futuro guarda-redes.
- Fernando Bastos (10 pontos) – ao nível do resto da equipa (não é preciso dizer mais nada). O verdadeiro jogador de equipa…..sem ele não seria possível jogar (não tínhamos nenhum suplente!!!)
- Daniel “Trunfas” Estagiário – uma surpresa…..quem diria que debaixo daquele penteado (com vida animal e tudo) e com aquele andar desengonçado se esconde um verdadeiro artista da bola. Ele era fintas, passes milimétricos, golos de todas as maneiras e feitios….um craque. E ainda por cima corria como um desalmado. Pró ano vem estagiar para a exportação para poder jogar por nós.
- Ricardo Tavares (10 pontos) – a jogar em casa…..mas não parecia….por causa dele que quase perdíamos o título de equipa mais pesada (não fosse o Pires e eu). Tem dois pés fabulásticos….para melhorar apenas falta um pormenor sem importância…acertar na bola…..de resto está tudo bem. Tb pode tentar calçar as sapatilhas ao contrário…..

Destaque da Jornada - Carlos Cardoso (10 pontos) – inteligente…..jogou dos 2 lados e assim evitou perder, ganhava das 2 maneiras. Além disso surpreendeu tudo e todos com a sua frescura física, velocidade estonteante….e amigo dos seus amigos…..corajoso ao substituir o mágico nr.10 António Barbosa na equipa dos Astros. Não fosse esse mesmo jogadeiro, teria sido o MELHOR DA JORNADA MELHOR DA JORNADA (MVP)

- ANTÓNIO BARBOSA (10 PONTOS) – OS 56 ANOS DE IDADE NÃO SE FAZEM NOTAR…..DÁ CLASSE A QUALQUER JOGO, É O VERADEIRO MÁGICO DO FUTEBOL……. FEZ JÙS Á CAMISOLA DA JUVENTOS QUE USOU…COM AS SUAS CA. DE 10 ASSISTENCIAS PARA GOLO DOS ADVERSÁRIOS DECIDIU O JOGO. MEREÇE CLARAMENTE SER CONSIDERADO O MVP DESTE JOGO.
(Na 2ª feira, na cantina este mesmo craque disse-me que “se o arrependimento matasse……” – não sei bem o que queria dizer com isto, talvez seja bom demais para jogar na nossa equipa e esteja arrependido de jogar com pessoal tão limitado????....não sei, não deve ter nada a ver com o caminhar esquisito com que anda desde o fim de semana, como se tivesse levado uma porrada por um grupo de 50 ciganos enfurecidos…..ele lá deve ter as suas razões).

Após um belo banho (alguns não tomavam banho á mais de 2 semanas – eu falo por mim) as 3 equipas (Astros, Mastros e adeptos) decidiram confraternizar em grande ambiente fair-play num restaurante ali perto do estádio……este jantar contou já com o organizador, o charmoso, inigualável e impecável chefe Vítor. Era ver os jogadeiros a comer e a beber como uns aleijadinhos…..até os copos de cerveja esgotaram no restaurante……as fotografias tiradas por paparazzis que se encontravam no local, e às quais tive acesso valem mais do que mil palavras…….

O problema foi no fim quando chegou a conta e o organizador, ao contrário do que todos pensavam, dividiu a conta por todos…..AMIGO VITOR…….QUANDO SE CONVIDA ALGUÊM PARA IR A NOSSA CASA NÃO SE COBRA NADA POR ISSO!!!!! Mas para não haver chatices cada um lá pagou a sua parte e seguio o seu caminho para casa. Isto é, a maioria foi para casa mas alguns estavam com insónias e foram passear por alguns locais da zona…..o problema foi terem encontrado o meu irmão, terem-lhe contado todos os pormenores e estes terem sido colocados à luz do dia no almoço de família no domingo em casa dos meus pais…..amigos da onça…..eu que tinha contado em casa, que tinha de ficar a trabalhar até tarde.

Bem, caros leitores, espero que tenham gostado desta edição……a próxima edição deverá ser especial, dedicada à corrida de karting do próximo dia 4.8.2007.